Quando eu acordei naquela praia, ainda podia se ouvir o eco dos fogos de artifícios.
Um polícial gentilmente me cutucou com sua botina, me ordenando circular, BÓRA VAGABUNDO. Quando ele notou algumas marcas no meu rosto, perguntou se me meti em briga ou coisa assim, disse que havia apanhando de 2012, mas 2013 seria carinhoso comigo, que não se preocupasse pois mal só faço a mim mesmo. Ele perguntou se eu tinha drogas, eu disse que não, ele deve ter acreditado.
O sol ardia, minha pele queimada ardia, as porradas ardiam, minha assadura ardia, eu resolvi dar um sorriso ardido.
Ao sorrir notei que estava com minha sacola amarela de roupas revirada, faltavam algumas coisas, roupas, estava descalço, levaram meu dinheiro, levaram meu sorriso.
A Ilha Grande ficou do tamanho de um caroço de feijão, e eu precisava escapar daquela antiga prisão, por quase um segundo eu fiquei sem saber o que fazer, pensei que um café poderia me ajudar.
Na padaria pedi a moça um dedo de café, disse que havia sido assaltado e só queria um dedo de café pra arrumar um barco pra ir embora. Ganhei pão com manteiga, café e uma garrafa d´água não mineral gelada.
Fui ao barqueiro, expliquei o inexplicável e não consegui embarcar. Fui a delegacia e o policial que me acordou e serviu o dejejum dos meus pensamentos me levou ao barco chamado Futuro e me mandou ir embora da ilha, e que fosse vadiar em outro lugar.
Saí da ilha sem olhar pra trás, sem paisagem, sem céu azul, sem o tradicional tchau pra baía de abraão, com um desejo ruim entre o gosto do café e a completa sensação de abandono.
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