Três, quatro ou cinco, sei lá. Abro os olhos como num susto, turvo vejo a parede branca e clara do meu quarto, o cobertor ta pendurado na janela para bloquear o excesso, to com fome, vou ao banheiro fazer xixi e nossa, a primeira boa sensação do dia, vou direto ao chuveiro, abro receoso, porém determinado, a água não esquenta nunca, mandei pra regulagem quente e entrei, minha tatuagem recente dói na água quente, ta incomodando, estico o braço e vou à escova de dente, banho sem escovar os dentes é meio banho, mas acabou pasta, porra! Não escovo de raiva e me penalizando, faço um gargarejo no enxaguante pra aliviar, e vou a varanda conhecer o dia, lindo dia cinza, chuvisca, as crianças brincam correndo pra todo lado, o carro passa com seu dominical som potente, o barulho me atordoa, me sinto fraco, penso, uma coca-cola vai me salvar, mas Caralho a coca é zero, se a coca não tem açúcar ela não pode me salvar, percebi que não faz sentido tomar coca sem açúcar, é o açúcar que é o segredo da coca, isso me deixou triste, queria comer um lanche bem gostoso, mas estava em frangalhos, levantei, andei até o treilher de mamãe, comprei um churrasco que na verdade acabou sendo um frango que ainda não estava bem cozido, e voltei como um rato pra casa, mas minha mamãezinha não tardou a me gritar, pedindo que servisse almoço aos meus avós, Dona Izaura minha avó de 89 anos, sorria pra TV, meu avó roncava deliciosamente na cama e minha irmã, vagava pelos corredores da casa deles, eu sorri. De repente, cheguei e falei:
- Bença vó
- Deus que te abençoe.
- Vou servir o almoço, vem pra mesa
- Hein?
- O almoço?
- A ta bom, cadê Oswaldo (meu avô)
- Ta dormindo.
Fui pra cozinha, coloquei os três pratos, o feijão era claro, grosso, parecia uma delicia borbulhando na panela, corri logo a acabar com aquilo pois estava urrando de fome, meu avô não acordava, eu sentia dó de acordá-lo, não se acorda alguém num soninho de domingo, mas minha avó não vê dessa forma e começou a falar alto para acordá-lo, e assim chamei-o, mas ele leve como ele só, já abriu o olho e de forma serena me perguntou:
- O que foi?
- Bença vô.
- Deus te abençoe, cadê Vilma(Minha mamãe)
- Ta na barraca, ta cheio de gente lá, o almoço ta na mesa.
E assim deixei-os se deliciando na metade do frango enquanto eu corria pra casa a comer…
Ótimo, André.
ResponderExcluirContinua, que tá ótimo!
Vou continuar lendo.
Muito obrigado, sinto me lisonjeado.
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