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Mostrando postagens de julho, 2013

Suave?

Minhas palavras tem pólvora  Minhas rimas cangalhas Minhas estrofes navalhas E toda suave brisa Seus pedidos todos meus Seus malditos todos eus Seus destemidos sentidos E toda suave brisa Nossas peles se imploram Nossas rédeas se estouram Nossas mentes se exalam E toda sua brisa André Luz Gonçalves

Tamanho do Não

Um velho moço Deitado no banco Não pinta o esboço De uma vida inteira Este enrugado ali Prostrado e perdido Como amigo, um cachorro sem latido Prestes a sucumbir Deixeis ele de lado Que de certo é derrotado Uma vida de escravo Onde amou e não se deu tão bem Este menino de idade Esquecido nas ripas Que de abandono se invade Arde suas frias medidas André Luz Gonçalves 

Frio Piabetá

Manhã de invernada Frio de encosta O sol que disputo Cautela calorosa Que logo acrescente Fome e cheiro de café ao meu dia Chamas de alegrias me esquente. André Luz Gonçalves

Eu Sou Tua Cara É a Minha

Até que amanhece...

A Dama da Noite engrandece minha rua Com seu perfume de Flor Nua Sempre desperta o sentido esquecido Desses que como eu passam,  sem seus tempos idos. André Luz Gonçalves

Para Ti!

Sua boca não mais me toma feito uma droga que salva Dessa volta ácida que refletia a sua alma Sua importância só cabe e remete ao que crio Em teu agasalho não coube meu calor nem meu frio E essa insólita e póstuma sentença que me oferece Me conserve no pra sempre das paixões que não entristece. André Luz Gonçalves

Duplas soltas

Abriu porta e o vento Sem pestanejar soprou seu lamento Atearam insumas em versos fortes Feito bombas de Molotov Espalharam encantos em tristes prantos E sensualizaram o fel Uniram o infame e o excitante Formando um novo levante Sem piedade, prece ou abraço Formou sua corrente e deu um laço. André Luz Gonçalves

Ou quase.

Rogou me pragas Jurou me as favas Tentou me ao fim  E encorajou meu medo Fez de meus mistérios seus segredos Despiu meu céu Fez seu brinquedo Deu prazer de ter sem tê-lo Depois fingiu que não viu Largou o resto num canto sutil Culpou o largo e o farto E acertou um outro ato Restando tudo André Luz Gonçalves
Ternura é a palma da mão passear pelo rosto é ganhar presente de amor esperança que tudo será bom suavemente telúrica... André Luz Gonçalves
Faço um Blues  Desses uivos de cachorro e asfalto molhado De torcer pra não amanhecer Desses desolados Faço um Blues Como quem sofre e escorre calado Como se encontra, puto, junk e atordoado Como quem vê o amor ir embora Faço esse Blues Sem bumbo, sem fundo, sujo e invocado Tocando uma gaita desafinada E bebendo um destilado barato Acabo com o Blues Pensando em dançar me esfregando em cismas Pensando em achar te no ralo da esquina Procurando fogo pro meu cigarro amassado E depois desse Blues Deito e rodo com o mundo Apagado e amassado no SEU cinzeiro No sonho do sonho tardo em partir me acabado.  André Luz Gonçalves
Coito do bem-te-vi sobre aqui Cantou com o galo de manhã Serviu de abrigo pra gota Da flor que me deu cheiro na mão. Orvalho se espalha, fria navalha. André Luz

Chão

Moço de carroça  Com seu cavalo aliado Seu chicote indomável E sua velhice de sábio Ritmo na ferradura pisada Um cantada antiga de minha avó Um fim de Serra nessa invernada E o caminho segue pela estrada André Luz Gonçalves

lagrima

É tanta dor que dói que o alívio é sentir. ALG

Soninho

água

Photo: André Luz

André

Ter um amor sorrindo num lindo brilho contínuo, Saber que o dia de haver, há de ter Luz.

Amor de Mãe é Filho.

Hoje minha mãe completa 63 anos, uma mulher que merece todo meu respeito, tem sido uma amiga e uma parceira, que durante o início da vida não pudemos conviver e ser, hoje ela é minha grande amiga, minha parceira quando amanhece as noites traiçoeiras e também nas horas festeiras. Que meus filhos nunca precisem, mais que se um dia precisarem, serei fiel e estenderei me a eles inspirados assim: nessa Mãe Linda que Deus deu pra mim.  

Estou Cansado.

Estou cansado, é claro, Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado. De que estou cansado, não sei: De nada me serviria sabê-lo, Pois o cansaço fica na mesma. A ferida dói como dói E não em função da causa que a produziu. Sim, estou cansado, E um pouco sorridente De o cansaço ser só isto — Uma vontade de sono no corpo, Um desejo de não pensar na alma, E por cima de tudo uma transparência lúcida Do entendimento retrospectivo… E a luxúria única de não ter já esperanças? Sou inteligente; eis tudo. Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto, E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá, Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa Álvaro de Campos, “Poemas”

Retrato em Branco e Preto

...

Domingo possui um vento único, capaz de dar um sabor de sorriso ao olhar. Domingo é o dia que eu sonho em ter pra mim. André Luz Gonçalves

1, 2, 3 e já!

Um sonho numa era de sonhos

Devasto copas altas Onde flores um dia foram moças Desta memória que folhas tornam Todo o pomar de onde furtei seu doce Desmanchada feito fruta posta De um chão tão longe que a terra encosta Fiz minha base em soma, insumas e hiatos Beirei a esperança em ser desapegado E de longe não te vi feito um retrato E sem monte não subi no cerrado E sem fronte deixei o rosto suado E sem estrofe, refrão ou mote, fiz o campo vasto. André Luz Gonçalves

Dourado

Aquele monte de galinha no quintal, perto do pé de Antônio, Valéria ria sem mais nem porque, a mãe diz que é o Franguinho Dourado chamado João, este é o mais rápido, cara de franguinho macho, parece que queria ser um galo: quando eu noto Joãozinho Dourado corre forte como se fugisse e voa para um pequeno limoeiro, dali num pulo só, e um desesperado bater de asas, com o bico na direção de seu objetivo, pula no telhado do galinheiro, de lá pula no algodoeiro atrás do galinheiro, e dali dá mais um pulo alto no Pé de Pinho, e nesse quase cai-não-cai ele segue firme e seguro, ele voa pro Pinho que deu fruta mês passado e agora só no fim do ano, João Dourado, parrudinho e bonito, finca no galho o pé de três pontas e balança as asas num abre e fecha de dar nervoso em todo mundo. João Franguinho dourado segue firme, e vai de lado, rápido, parece que espera algo chegar e tem hora pra isso, e vai pra ponta mais fina, do galho quase seco, sem folha alguma, de uma vez só como se soubesse o cam
Sinceramente eu prefiro o silêncio dos meus versos Mas não sou de aceitar socos e berros Como seu eu fosse um cão vagabundo, um mero ego. Então se sucumbir em ti a vontade de me escarrar Saiba que nobre será o excremento que de dentro de você sairá! Eu mesmo fraco, ainda tenho força pra viver até a morte! André Luz Gonçalves
Nessas vezes rebeldes  Onde minha mão aparece com seu cheiro Toco meu sexo feito quem procura abrigo E vejo se é de lá esse suspiro Me encontro com saudade de mim,  Querendo me amar, gozar meu desejo, ter me vadio. André Luz Gonçalves

Silêncio e Luz

O silêncio das palavras que não digo adoece minha alma, pra me curar, Eu mudo. E esse lastro mal preparado pro mar de amar me mede feito um relógio quebrado, onde toda vez que me consulto, encalho no que me julga voltar ao mesmo momento. André Luz Gonçalves

Dose dupla sem gelo!

É horrível assistir à agonia de uma esperança. Simone de Beauvoir

Caô de Raiz, o início.

Carícia

Um horizonte grita luz Desse facho que me pede prece Que eu saia dessa amarga tristeza E ria da falta de carícia até ficar distraída A poesia foi fracionada Tirou-se um terço porque era eu Daí cortou a imagem  Abriu seu quebra vento c ontra o sopro meu De tudo eu passei a nada E desse vácuo onde eu nunca fui Sempre estarei ao olho nú Da poesia que es tu André Luz Gonçalves