Aquele monte de galinha no
quintal, perto do pé de Antônio, Valéria ria sem mais nem porque, a mãe diz que
é o Franguinho Dourado chamado João, este é o mais rápido, cara de franguinho
macho, parece que queria ser um galo: quando eu noto Joãozinho Dourado corre
forte como se fugisse e voa para um pequeno limoeiro, dali num pulo só, e um desesperado
bater de asas, com o bico na direção de seu objetivo, pula no
telhado do galinheiro, de lá pula no algodoeiro atrás do galinheiro, e dali dá
mais um pulo alto no Pé de Pinho, e nesse quase cai-não-cai ele segue firme e seguro, ele voa pro Pinho que deu fruta mês passado e agora só no fim do ano, João Dourado, parrudinho e bonito, finca no galho o pé de três pontas e balança as asas num abre e fecha de dar nervoso em todo
mundo. João Franguinho dourado segue firme, e vai de lado, rápido, parece que
espera algo chegar e tem hora pra isso, e vai pra ponta mais fina, do galho
quase seco, sem folha alguma, de uma vez só como se soubesse o caminho, ele foi
de galho em galho até o ultimo centímetro seco, e nesse ultimo centímetro fez
seu poleiro.
O vento
O vento começou no instante
seguinte, João Dourado sabia o que fazia, e o galho mexia com o aumento daquela
brisa, já era fim de tarde e o frio batia na encosta da mata, o morro é alto e
cobre tudo desde onze horas, o frio e o vento virou contra o franguinho, que eu
jurava que ia ver cair...
No primeiro sopro forte, o
frango, soltou o galho, mas no instante em que saiu voltou e continuou agarrado
alado, umas franguinhas correram pro galinheiro que estava quentinho e fechado,
Seu Cabral de 93 anos fez o galinheiro do jeito que galinha gosta, mais
curiosamente fez uma cantinho especial, uma área VIP, que estava interditada,
não podia por ali galinha alguma, como se fosse pra receber algum premio pro
bravura ou coisa assim. O setor VIP do seu Cabral estava cheio de tijolos que
não podiam ser retirados, mais naquele espaço estava o melhor cantinho pra dia
de vento e chuva. Todos rimos disso, e Seu Cabral que está capinando no sítio
do Tio Gilson não podia esclarecer esse absurdo pra nós...
O vento aumenta e o João fica
numa situação tensa, eu e todo mundo olhando pro galho, num torce contra e a
favor dele conseguir ficar ou cair.
Ventania e o vento assovia
forte e o João Dourado seguia em sua alegria, que era a de se exibir diante das
franguinhas, da mãe natureza, e de todos nós que estávamos vendo ele voar pelo
vento agarrado no galho feito uma pipa que já soltou seu carretel inteiro e não
tem mais corda pra dar, João Dourado seguiu firme, a conversa chegou a mudar e
ele ainda não havia saído de lá...
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