Hoje eu acordei de um pulo só,
esquentei o café que sobrou no bule de ontem, tomei um banho frio pra rejuntar
a pele mole de sono, era dia de folga da pesca, queria ir a cidade comprar pilha e
umas roupas à tarde, mas naquela hora eu ia passear um pouco, ver as modas na rua, ler o jornal na
praça com os amigos...
Peguei minha bicicleta no corredor de casa, meu irmão mais novo deixou abandonada desde que tinha saído pra pescar há 3 dias, arrumei a corrente no raio, estava solta, antes de embarcar eu pedi a ele que levasse a magrinha na oficina, isso me irrita, ele só usa e não cuida, acaba que sempre meto a mão sem luva, me sujando com aquela graxa seca que fica igual a tatuagem debaixo da unha, parece que nunca mais vai sair do dedo... Peguei o pneu e apertei primeiro o de traz, murcho, fui ao da frente, mas vazio ainda... Minha bomba é ruim, simplesmente não enche!
Peguei minha bicicleta no corredor de casa, meu irmão mais novo deixou abandonada desde que tinha saído pra pescar há 3 dias, arrumei a corrente no raio, estava solta, antes de embarcar eu pedi a ele que levasse a magrinha na oficina, isso me irrita, ele só usa e não cuida, acaba que sempre meto a mão sem luva, me sujando com aquela graxa seca que fica igual a tatuagem debaixo da unha, parece que nunca mais vai sair do dedo... Peguei o pneu e apertei primeiro o de traz, murcho, fui ao da frente, mas vazio ainda... Minha bomba é ruim, simplesmente não enche!
Mesmo assim mantive o norte de
sair em um belo passeio, era 07h15min da manhã, o sol acordando, Paquetá estava
calmo hoje cedo, tinham umas garças dando rasantes no mar, senhores indo pegar
sua barca ao trabalho, crianças com sua mãe e avós levando a molecada à escola,
eu segui até o borracheiro.
Tio Afonso cobra bem barato pra
encher os pneus, pedi que ele apertasse a corrente frouxa também e segui
radiante dali, levava uma sacola bem amarrada com umas laranjas, meu chaveiro
canivete, um sanduiche e duas garrafas d’água, estava disposto a não parar de
pedalar, ficar indo pra lá e pra cá, e assim foi meus primeiros minutos...
Quando passo em frente à estação
das barcas, desce uma família, normal, pois nosso bairro é sempre um bom lugar
no dia de folga, mas tinha algo diferente, uma menina, uma mulher, devia ter
mais de 18 anos, minha idade também, não
muito a mais que isso, uma casal que deveriam ser seus pais, e um garoto que
devia ter seus 16 e outro de uns 13, os meninos falavam alto, estavam curtindo,
os pais conversavam felizes e ela olhava de cabeça baixa, ainda como se o sol
incomodasse um pouco, olhando e conhecendo, a mulher mais linda que eu tinha
visto, meu coração recebeu uma carga que gelou minha barriga, de repente num
segundo era como se ficasse congelado, e parei de pedalar, quase caí.
O que deveria se seu irmão mais
velho percebeu, e eu copiosamente disfarcei parado embaixo do Flamboyant
Vermelho, ela me viu, naquele momento que me olhava pareceria que o tempo
girava mais devagar, cada passo dela, o piscar, o sol, seu vestido de flor, o vermelho
das flores do Flamboyant, a barca indo embora, as garças, tudo diminuiu a
velocidade naquele instante, o amor havia acabado de chegar em meu coração,
veio de barca e eu ainda não sabia o nome.
E lá fui eu amar.
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